21 de dezembro de 2007

O Planeta QI vai de férias até Janeiro, mas aproveita para recordar que a última massa crítica do ano se realizará no dia 28 de Dezembro, por todo o país.
Boas Festas para todos.
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Mas antes, um poema, do provavelmente (perdoem-nos os demais, com tudo o que isto possa ter de subjectivo e injusto), melhor ou mais ecléctico poeta algarvio da actualidade.
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A invenção da bicicleta
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Tudo o que fizemos no domínio
dos transportes desde a invenção da bicicleta
só contribuiu para melhor compreendermos
como a bicicleta é útil e bela
e comovente. E é mais bela e útil
e comovente quanto mais
os corredores aéreos enchem os mapas
dos controladores de voo e quanto
mais os viadutos se cruzam
e sobrepõem para dar vazão às filas
de automóveis nas pontes
dos feriados. As crianças
conhecem os segredos do vento numa
roda pedaleira. As bicicletas
e os bosques abrem no verão em simultâneo
os pequenos açudes luminosos
da infância. Depois do vidro e da roda
a bicicleta foi uma das mais
belas e úteis e comoventes
invenções da história do homem.
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José Carlos Barros

20 de dezembro de 2007

Wind Dam


Uma tela estendida entre duas margens do lago Lagoda, na Rússia, lembrando uma vela de navio. Um projecto do arquitecto Laurie Chetwood propõe uma barragem eólica que recebe e canaliza vento para uma turbina suspensa. O sistema é composto por uma tela de 25 metros de altura e 75 de largura, suspensa por cabos, que canaliza o vento para uma abertura central ligada a uma turbina acoplada, igualmente suspensa. Segundo os estudos efectuados, a forma côncava é particularmente eficaz na captura do vento. A semelhança com a forma de uma barragem hidroeléctrica levou a que o projecto fosse apelidado de wind dam (barragem de vento). A construção deverá ser iniciada em 2008 e, se tudo correr de acordo com o planeado, está prevista outra barragem no mesmo local, um pouco mais acima.

19 de dezembro de 2007

Um presépio inconveniente

Na Andaluzia anda um presépio moldado com figuras em gelo, a -9ºC, dentro de um camião frigorífico, de cidade em cidade. Desaparecerá em 23 de Dezembro, em Sevilha. A iniciativa partiu da Junta de Andalucia. Nas localidades onde pára, as pessoas são convidadas a participar na sua manutenção pedalando num mecanismo constituído por três bicicletas e três passadeiras acopladas que geram energia suficiente para manter a câmara frigorífica à temperatura adequada. Um jornal da Andaluzia chamava-lhe um presépio a pedais. Mas é mais que isso, é um presépio inconveniente, contra o CO2 e o aquecimento global.

18 de dezembro de 2007

Porto - Estratégia de sustentabilidade

Em Dezembro de 2008 a Agência de Energia do Porto (AdEPorto) compromete-se a apresentar uma proposta de «estratégia para um Porto sustentável», na perspectiva da Agenda 21 Local. Neste sentido, assinou, ontem, um protocolo com a autarquia portuense.
A AdEPorto terá como tarefas a caracterização do suporte ambiental para a cidade (água, ar, solo, áreas verdes, paisagem e energia, tendo em conta a sua expressão territorial. A problemática do ordenamento urbano com o urbanismo, as áreas verdes, os usos da água ou a avaliação dos impactos das actividades na cidade, tais como a da construção e gestão do edificado existente, são outros dos assuntos a ter em conta.
«É uma tarefa ousada e ambiciosa. O Porto já vai sonhando em ser um paradigma das cidades sustentáveis da Europa para os próximos anos», afirmou ontem o presidente da agência, Oliveira Fernandes.
Dos 308 municípios existentes em Portugal, 80 já constam dos 36 processos de Agenda 21 Local. Apesar do crescimento na quantidade de processos, Portugal ainda é o país europeu «com menos processos de A21L em curso, com cerca de 20 por cento dos municípios a levar em conta as orientações saídas das Conferência do Rio (1992) e de Joanesburgo (2002)», de acordo com os dados compilados pelo Grupo de Estudos Ambientais da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa para o portal da iniciativa. A juntar à fraca adesão, muitos dos processos têm dificuldade em manter-se no tempo e transpor a fase de plano de acção.


Oportunidade de negócio

Enquanto isto: A Suécia reduziu em cerca de nove por cento as suas emissões de gases com efeito de estufa entre 1990 e 2006, ultrapassando os objectivos fixados pelo Protocolo de Quioto. Os resultados foram anunciados ontem pelo Ministério do Ambiente Sueco.

17 de dezembro de 2007

Conferência Sobre as Alterações Climáticas - Bali 2007 X



[Tão aborvidos andavamos a seguir os trabalhos em Bali que, no Sábado, cruzámo-nos com um jardineiro que comentava para com os seus botões que "o Pai Natal veio abaixo". Obviamente, pensámos o pior, mas não, felizmente não, tudo se resumia a um boneco insuflável posto no centro de um jardim, a quem faltou o fôlego para o Natal.]

Mas voltando a Bali: depois do pessimismo que se instalou na manhã de sexta-feira, dia 14, com a persistente dificuldade em encontrar-se um road map para o período pós-Quioto, a mudança de atitude dos Estados Unidos, ao garantirem que não seriam um obstáculo à definição de objectivos concertados internacionalmente, trouxe uma luz de esperança aos participantes.

Tal certeza ficou cimentada no Sábado, 15 de Dezembro, dia de encerramento dos trabalhos, como se infere da comunicação efectuada por Yvo de Boer, alicerçada nas seguintes conclusões:

- AMBIÇÃO: foram definidos valores de referência para diminuição da emissão de gases de efeito de estufa num futuro próximo com base num estudo do IPCC a que se refere o relatório final (possível com a revisão da posição americana na matéria);
- TRANSPARÊNCIA: O processo está aberto à participação de Governos, empresas, pessoas individuais e colectivas, organizações não-governamentais, a sociedade civil em geral;
- FLEXIBILIDADE: por parte dos países não-desenvolvidos em aceitarem as metas a caminho do futuro;
- Foram confirmadas as importantes decisões tomadas (e já aqui referidas) no que respeita ao mercado do carbono, transferência de tecnologia, financiamento dos países não-desenvolvidos, florestação e reflorestação e armazenamento do carbono;
- O esforço e a boa-vontade de países como a China e a Índia na adaptação do seu processo de desenvolvimento, mais empenhados finalmente em tornarem-se parte da solução, que parte do problema.

- Estão lançadas as bases para um novo acordo, a estabelecer até finais de 2009, para suceder ao protocolo de Quioto, com a inclusão de todos os países, incluindo os Estados Unidos.







Os documentos e conclusões elaborados ao longo da Conferência podem ser descarregados aqui.

12 de dezembro de 2007

Conferência Sobre as Alterações Climáticas - Bali 2007 IX

TUVALU
(Foto: Reuters)

Resumo dos trabalhos de 12 de Dezembro:

Iniciaram-se hoje, em Bali, os encontros dos altos responsáveis dos países participantes na Conferência de Bali. Ao contrário do que vinha sendo costume, a conferência de imprensa foi conduzida pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon e não por Yvo de Boer, secretário-executivo da UNCCC. Todavia, sem embargo, a tónica foi uma vez mais colocada na necessidade de se encontrar e calendarizar o mapa de reuniões pós Bali que permitirão chegar a um encontro de vontades que permita, já em 2009, obter um tratado global que suceda ao Protocolo de Quioto. A ciência já deu o seu contributo na identificação e esclarecimento do problema no que tange às suas causas e consequências, entende-se que cabe agora aos representantes políticos assumirem as suas responsabilidades na convergência com os cientistas.

Ban Ki-moon considerava ao final da tarde em Bali que o falhanço na definição de uma agenda de negociações e metas futuras significaria não apenas um fracasso perante (mas também dos) os líderes mundiais, mas igualmente perante as populações do planeta, que esperam que da cimeira saiam algumas soluções para os seus problemas. Entre essas populações, destaque para o pequeno arquipélago de Tuvalu, no Pacífico Sul, que já é um dos pontos mais afectados pela subida do nível das águas do mar. Ontem, em Bali, representantes deste pequeno arquipélago organizaram uma pequena exposição para a chamada de atenção para os problemas do seu país, que é ciclicamente inundado duas vezes por ano.

Kevin Ruud, Primeiro-Ministro australiano, depositou hoje, nas mãos de Ban Ki-moon, o instrumento de ratificação do Protocolo de Quioto, ratificado pela Áustrália no primeiro dia dos trabalhos em Bali.



Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU

11 de dezembro de 2007

Conferência Sobre as Alterações Climáticas - Bali 2007 VIII

Resumo dos trabalhos de dia 11 de Dezembro (feita clarificação relativamente às expectativas de redução das emissões de poluentes):

- No âmbito da conferência não será possível, nem é objectivo, definir concretamente o nível de redução de poluentes a nível global ou relativamente a cada Estado; mesmo o valor estalão de redução de 25 a 40% do nível das emissões, este deve ser entendido apenas como referência para futuras conversações a estabelecer após a conferência;
- Foram definidos os moldes em que será criado o
Fundo de Adapatação dos países menos desenvolvidos às normas criadas pelo Protocolo de Quioto, sendo este secretariado pela Global Environmental Facility (GEF) e à confiado ao Banco Mundial;
- Será feita a duplicação de fundos a disponibilizar aos países menos desenvolvidos para programas de florestação e reflorestação, reconhecido que é o papel das florestas no armazenamento e eliminação do carbono.

10 de dezembro de 2007

Conferência Sobre as Alterações Climáticas - Bali 2007 VII

Recomeçaram hoje em Bali os trabalhos da conferência sobre alterações climáticas. Yvo de Boer, secretário-executivo da UNCCC elaborou o documento que estabelece os objectivos desta semana, os quais de resto coincidem, em larga medida, com o final dos trabalhos da semana passada e a conferência de imprensa de Sábado, aqui reproduzidas. O teor do documento elaborado por de Boer pode ser descarregado aqui em formato pdf.
Paralelamente, à margem da conferência, serão hoje entregues a Al Gore e ao IPCC os seus prémios Nobel, ao mesmo tempo que os Estados Unidos rejeitaram, hoje, a inclusão de alguns resultados do último relatório do IPCC, numa das propostas de acordo que está a ser negociada na conferência de Bali. O relatorio controverso, designado relatório de síntese do AR4, constitui o resultado final da reunião de Valência, que teve lugar há cerca de um mês.
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Resumo dos trabalhos de 10 de Dezembro:
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Entrámos agora numa fase da conferência em que os grupos de discussão preparam o trabalho de fundo a ser desenvolvido pelos Ministros dos diversos países, que começará na próxima quarta-feira. Resulta claro, dos trabalhos de hoje que:
- Existe uma necessidade premente de incrementar os acordos existentes ao nível dos Estados;
- A redução dos valores das emissões de gases de efeito de estufa em 25 a 40% deve ser uma realidade complementada com a necessidade de se assistir a um declínio efectivo das emissões globais dentro de um prazo de 10 a 15 anos;
- Foi reforçada a ideia da mitigação de responsabilidades como caminho para o encontro de soluções para as alterações climáticas, assim como a transferência tecnológica como via de desenvolvimento dos países menos desenvolvidos, de forma a evitar que no seu processo evolutivo tenham de recorrer ao uso de combustíveis fósseis (to leapfrog the carbon intensive stage of economic development) ;
- Estima-se que 86% dos investimentos em tecnologias limpas em 2030 provirão do sector privado, razão pela qual as empresas têm de ser inseridas em todo este processo de imediato, no que constitui uma parceria sem precedentes à escala global.

8 de dezembro de 2007

Conferência Sobre as Alterações Climáticas - Bali 2007 VI

Relatório e conclusões de dia 08 de Dezembro:
Finda a primeira semana da conferência, na qual participaram até ao momento mais de 10.000 pessoas representanto as mais diversas entidades, Yvo de Boer, secretário-executivo da UNCCC destaca os seguintes aspectos:
- Existe uma vontade generalizada de todos os participantes de se encontrar um rumo para se chegar a uma solução de compromisso no que tange à prevenção da escalada do aquecimento global como factor primordial das alterações climáticas;
- Neste ponto da conferência é importante que as partes aprofundem as conclusões da primeira semana de trabalhos, procurando desenvolver os caminhos para a adaptação progressiva das medidas a implementar, as formas de transferência da tecnologia entre Estados e as capacidade construtiva (ou formas de desenvolvimento endógenas da capacidade de implemtação de medidas em estados menos desenvolvidos);
- É preciso ainda ultrapassar a "quadratura do círculo" ou seja, limar as arestas dos interesses divergentes que constituam obstáculos ao compromisso entre Estados que possam minar as bases de um protocolo pós Quioto (pós 2012);
- Nenhum compromisso será alcançado em Bali, a importância de Bali reside no lançamento das bases desse compromisso, a alcançar nos próximos dois anos, visando conseguir a implementação da redução efectiva da emissão de gases de efeito de estufa para a atmosfera entre 25 e 40% (por referência aos valores de 1990) até 2020;
- A próxima semana será fulcral para se avaliar do sucesso da Conferência de Bali.

7 de dezembro de 2007

Conferência Sobre as Alterações Climáticas - Bali 2007 V

Destaque do dia: Hoje, crianças da Europa, Austrália e Pacífico entregaram um relatório, que para chegar ao painel da conferência da UNCCC passou por cerca de 130 mil crianças, que caminharam uma distância total de 1,5 milhões de quilómetros – o equivalente a dar 36 voltas ao planeta – ao reduzir viagens que, normalmente, envolveriam a utilização de automóvel ou transportes públicos.

Relatórios e conclusões dos trabalhos de 07 de Dezembro:
- Há uma evolução positiva na discussão dos temas nos diversos painéis da Conferência de Bali;
- Chamada de atenção para a questão da mitigação do problema das alterações climáticas: é um problema global, que deve ser suportados por todos os agentes envolvidos;
- As alterações climáticas têm implicações económicas na economia global e portanto parte da solução terá de advir de agentes económicos privados;
- Haverá um grande incremento nos fluxos de investimento em áreas destinadas à prevenção das alterações climáticas;
- Os investimentos a efectuar hoje determinarão a evolução da situação da emissão de gases de efeito de estufa para a atmosfera nas próximas décadas;
- Os fundos disponíveis actualmente são claramente insuficientes para atingir quer os objectivos propostos pelo Protocolo de Quioto, quer os de um futuro tratado ou convenção a estabelecer depois de 2012;
- Há, pois, que criar condições para o desenvolvimento da criação de fundos globais de investimento através de políticas de incentivo em matéria ambiental;
- O mercado global do carbono é o instrumento primário e essencial para se atingir tal objectivo;
- Quanto maiores forem as ambições estabelecidas nesta matérias, maior a capacidade de serem gerados fundos suficientes para se atingirem os objectivos propostos;
- Claramente, o elemento-chave é a criação de uma boa engenharia financeira que permita a criação e auto-alimentação do fundo internacional para prevenção das alterações climáticas



6 de dezembro de 2007

Conferência Sobre as Alterações Climáticas - Bali 2007 IV

Relatório e conclusões dos trabalhos em 6 de Dezembro:
- Parece claro que ha países que terão de ser incluídos no grupo dos países industralizados, como sejam a China, o Brasil e a Coreia.
- Os países industrializados terão de continuar a luta contra o aquecimento global e desta feita reduzir as suas emissões de gases de efeitos de estufa entre 25 e 40% (com referência aos valores de 1990) até 2020;
- O mercado do carbono, criado pelo Protocolo de Quioto, já e global e atingiu a fasquia dos 30.000 milhões de dólares em 2006, prevendo-se um aumento ainda este ano e nos vindouros.


Pulo do Lobo








Acordar cedo junto ao Vascão, assistir na primeira pessoa ao dissipar da neblina matinal, lavar o rosto na água fria da ribeira, levantar tenda sem deixar vestígio da breve passagem. Chegamos cedinho a Mértola com os cafés ainda a despertarem e, junto ao Guadiana, levanta-se a canoa já combinada. Coloca-se esta no tejadilho do carro e toma-se a estrada para o Pulo do Lobo, uns quilómetros rio acima. No final do asfalto, estacionamos, deixamos o carro, colocamos a canoa na Xtracycle e tomamos o estradão de sete quilómetros que nos levará ao Guadiana, mais precisamente ao acidente geológico do Pulo do Lobo (quarta foto acima), um desnível de 16 metros criado no leito do rio aquando do recuo do mar na última era glaciária. Pelo caminho, cruzamo-nos com o veado e o dinossauro, duas árvores secas que são as duas primeiras fotos, mesmo antes dos portões azuis de acesso à Herdade do Pulo do Lobo, que se abrirão e tornarão a fechar à nossa passagem. Eis-nos no rio.

O tempo para algumas fotos da praxe, um sms de segurança a avisar onde estamos, e principia a experiência da navegação no lago superior, com passagem por alguns moinhos de água e seus contrafortes desfeitos. Regressamos ao ponto de partida, passamos para a parte de baixo do rio, logo a seguir ao Pego do Sável (quinta foto), onde a experiência é mais gratificante, porque estamos enquadrados por paredes de rocha de ambos os lados. O Grande Rio do Sul continua a ter o seu encanto. Avistamos aves e pequenos mamíferos nas margens assim como um par de cegonhas negras (quatro casais recenseados no parque natural). No regresso, a corrente não é forte, mas é contrária e duplica-nos o esforço. Duas horas mais tarde, estamos de regresso a Mértola, não sem uma penosa subida com a bicicleta e a canoa no primeiro quilómetro após a saída do rio.

Mas que prazer, que enorme prazer, este regresso ao Guadiana, alguns anos volvidos depois da última vez em que cá estivemos a navegar. Depois da devolução da canoa, rumamos ao Alengarve, um pequeno restaurante na zona alta da cidade que, apesar da nova gerência, manteve-se acolhedor e simpático. Em breve regressaremos, para visitar o Pomarão.

Tarde no dia, rumamos a Lisboa, onde nos aguarda um magnífico caril de caranguejo, entre amigos e caras novas, que mal acreditam no relato e nos tomam por inconscientes. Rimo-nos, sabemos que os lençóis saberão melhor assim.

5 de dezembro de 2007

Conferência Sobre as Alterações Climáticas - Bali 2007 III

Resumo das conclusões dos diversos painéis de trabalho, em 5 de Dezembro:
a) O aquecimento global e as alterações climáticas são um factor de incremento de assimetrias entre os povos e as populações mais e menos desenvolvidos, prejudicando de forma mais grave os mais desfavorecidos;
b) É chegado o momento de agir em termos de se inverter o ciclo do aquecimento global, não de planear o momento de agir;
c) A adaptação às alterações climáticas é urgente e necessária
d) Tem de haver uma transferência de tecnologia para os países menos desenvolvidos acelerarem essa adaptação
e) Têm de ser disponibilizados fundos para correcção das assimetrias e dos desequilíbrios entre povos e bem assim para se tomarem as medidas destinadas a travar as alterações climáticas;
f) Há-que escolher uma entidade para fazer a gestão destes fundos e o modo mais equitativo de os distribuir.


Conferência Sobre as Alterações Climáticas - Bali 2007 II

A União Europeia anunciou ontem em Bali que está disposta a reduzir em 20%, até 2020, as emissões de gases indutores de efeito de estufa. Este é um passo de gigante para a Terra e um enorme exemplo para os demais Estados desenvolvidos, tendo naturalmente sido objecto de uma enorme ovação junto dos Estados do Sul.
Esta será uma via a seguir pelos países mais desenvolvidos que não sejam membros da UE, como sejam os Estados Unidos, Japão, Áustrália ou a China (em vias de entrar para o lote dos países desenvolvidos).

4 de dezembro de 2007

Conferência Sobre as Alterações Climáticas - Bali 2007

Começou ontem, dia 3, e prolongar-se-á durante duas semanas, em Bali, Indonésia, a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas ou COP-13, ou CMP 3 ou SB 27 ou AWG 4 (para designar os diversos grupos de trabalho preparatórios). Estarão reunidos representantes de mais de 180 países, assim como membros de Organizações não-Governamentais e jornalistas, para discutir a implementação de medidas pós-Quioto 2012. Os trabalhos poderão ser acompanhados em directo no painel da ONU para as alterações climáticas ou na página do IPCC.

Recorde-se que vários países que subscreveram o tratado em 1998 ainda não o ratificaram ou se predispuseram a colocar em prática as suas medidas, entre os quais, o principal, os Estados Unidos da América. Refira-se que alguns países depositaram o seu instrumento de ratificação do Protocolo de Quioto no dia de abertura dos trabalhos. Destaque para a Áustrlália, a segunda economia em quantidade de emissão de gases de efeito de estufa per capita da Terra. A lista de países-membros do tratado pode ser consultada aqui.


Yvo de Boer, Secretário-Geral da UNCCC, na conferência de imprensa do dia de abertura da cimeira.

CO2 e publicidade automóvel

O Parlamento Europeu aprovou uma nova lei impondo que a publicidade a automóveis exiba alertas sobre os perigos e os níveis de emissão de CO2.
Os alertas deverão ocupar 20% do total do espaço, quer seja imprensa, rádio ou televisão. Não está ainda decidido a forma e o conteúdo desses avisos sobre os malefícios do CO2, mas poderão vir a ser muito idênticos aos dos maços de tabaco.
in Expresso, edição dgital de 03/12/2007

3 de dezembro de 2007

Lisboa Q.I.


De manhã acordamos cedo, ao longe as buzinas dos cacilheiros. Lá fora, por sobre o terraço debruçado sobre o casario, chega-nos um cheiro diferente da cidade. É Domingo de manhã, o silêncio impera deste lado da colina, à sombra do castelo; ali perto, uma igreja e depois outra, repicam os seus sinos chamando os poucos fiéis acordados para a oração matinal. Há gaivotas empoleiradas nos beirais dos telhados, lado a lado, rivalizando com os pombos. O rio sobe no seu leito, transforma-se em finas gotas e empoleira-se no alto dos miradouros, inundando a cidade de um nevoeiro espesso, não bafiento e isento de cheiro a lodo. Hoje não será, definitivamente, um dia sebastiânico. A cidade perfuma-se do cheiro a mar que penetra nas vielas mais estreitas, na escadaria em calçada e nas janelas quebradas do velho Tribunal agora abandonado aos pombos. O ar frio revigora-nos enquanto numa casa abaixo, que não localizamos imediatamente, escondida no nevoeiro, toca 'A Severa'. Descemos as escadas íngremes do velho solar e despenhamo-nos literalmente na rua calcetada. Atrai-nos o rio, que buscamos pela claridade crescente. De bicicleta, a cada curva, a cada esquina, a atmosfera inebriante, muda como num concerto que se anuncia excitante. Andante, sente-se que algo está prestes a acontecer, aceleramos de curva em curva, Allegro, acelera-se-nos o coração, como no Fortuna de Orff. De súbito, após dobrarmos uma última curva a descer, como anunciado a compasso, tudo explode à nossa frente. Grand Finale, as nuvens varadas pela luz deste Sol outonal filtram a luminosidade, projectam-na no rio e fazem-na reflectir-se no casario empoleirado nas colinas próximas da baixa pombalina. Há jogos de luzes na água, nas gotas da neblina, nos beirais dos pardais, nos telhados finamente recortados.

No Terreiro do Paço não há carros, mas há pessoas, crianças, velhos e gente a correr junto à margem, mimos imóveis sob o olhar atónito dos que passam e um par de palhaços decadentes. A Avenida da Índia segue-lhe o exemplo para além do Jardim do Tabaco, onde uma esplanada nova nos detém o olhar. Lisboa abre-se ao rio e este às pessoas. O encanto não está apenas agora nos bairros tradicionais, a nova identidade da cidade mora na articulação da modernidade com o clássico e o pitoresco. Fechamos os olhos e regressamos ao período da segunda guerra, à cidade pejada de refugiados em trânsito para o continente americano, ao racionamento, à espionagem e simultaneamente ao cosmopolitismo de uma cidade provisória durante quase 50 anos. Avançamos pela revolução fora, encontramos alguns murais, Che ainda mora em alguns cantos ribeirinhos, atravessamos o pragmatismo cavaquista e desaguamos na cidade nova, que se procura reinventar a todo o custo.

E o rio, que hoje cheira a rio, de forma tão presente? Qu' importe? Esta cidade, que aprendemos a amar, é eterna. É tempo de regressar ao princípio e assistir à retirada do nevoeiro.

1 de dezembro de 2007

Massa Crítica em Portimão


Estão de parabéns os participantes na primeira Massa Crítica em Portimão. Oito participantes numa primeira tentativa, é notável. O Planeta QI esteve em Portimão e confessa o transporte da oitava passageira, que era tudo menos uma Alien. Bom ambiente, imensa força de vontade de todos os participantes, desejamos as maiores felicidades ao movimento. Uma palavra especial para a Diana, à esquerda na foto, de quem partiu a iniciativa. As fotos para a posteridade estão alojadas aqui.

Registo de adesão às Massas Críticas em Novembro:
Portimão - 8 participantes (uma à pendura)
Aveiro - 3 participantes
Lisboa - 39 participantes, um tocador de gaita de foles e um megafone
Porto - 9 participantes
Coimbra - 2 participantes e um assaltante